Páginas

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

-

E eu me pergunto se você já olhou para o céu hoje. Aquela bela imensidão azul se dispõe para ser contemplada a qualquer momento e em nossos dias conturbados, repletos de obrigações fúteis e supérfluas, não tiramos ao menos um minuto para encarar este que é simples e sem forma.

Na sociedade e sistema em que vivemos, inconscientemente -ou conscientemente- fomos obrigados a abdicar nossos verdadeiros desejos e vontades para podermos nos encaixar e ganhar dinheiro para ‘viver confortavelmente’.

É um ultraje pensar que por causa de nossas rotinas, passemos despercebidos a essa energia que flui de ser vivo a ser vivo. À água que brota da terra por vontade própria e acha sozinha seu curso até o mar; ao vento que sussurra tocando a grama e as folhas das árvores fazendo-as bailar às suas notas; quando os raios de sol alaranjados tocam a superfície branca e macia de uma nuvem tingindo-a com a sua cor enquanto ela sede sua forma para então se formarem obras primas flutuantes, pairando sob nossas cabeças.

A vida é a complexidade de uma enorme seqüência de simples combinações, que se expõe ao nosso olhar todos os dias de forma tão pura, porem mesmo assim preferimos viver nossa rotina ignorando esta grande força presente em nós e a nossa volta.

Vivemos tão fechados em caixas de concreto que treinamos nossos olhos e sentidos a verem somente o que nos é pedido e imposto e ao sair desses ambientes, simplesmente não somos capazes de notar que ha vida em toda parte e não somente paredes finas e inativas, ou pior, não somos capazes de notar que essa mesma vida flui em nossas veias.

Um dos maiores pecados que podemos cometer contra essa nossa mãe é nos esquecermos de uma das maiores dádivas que recebemos: os sentidos. Não cabe nos conformarmos que usemos nossos sentidos apenas por funcionalidade e esquecermos de que se é para ser usado com prazer.

A vida nos oferece a incerteza como uma de suas maiores virtudes, para que assim possamos ter o gostinho da curiosidade e do medo, porém nos contempla com o nascer do sol todos os dias, que mesmo coberto por nuvens traz a certeza da luz e do dia em suas costas – em que a certeza é o mais pesado dos fardos a se carregar. E na noite preta, acende um farol metamórfico no céu que é acompanhado por esperança, de que a noite pode ser totalmente escura, mas mesmo assim nas que a seguem, milhões de estrelas podem brilhar para desenhar beleza naquela negra imensidão.

A vida nos mostra em sua essência o quão pouco precisamos para ser feliz – e não apenas satisfeitos- cabe a nós somente nos entregarmos a esta que nos deu origem que seremos recebidos como filhos que somos para viver nesta harmonia.

Carol.