Tanto valor é dado ao sentimento amoroso que muitas vezes nos cegamos e não vemos que tão sublime sensação tem sua origem, em maioria, no desejo - sinônimo do instinto. Nós: meros animais fortemente movidos por esse instinto, rudimentar, não lapidado, puramente irracional.
Pois sim, nos autodenominamos animais racionais e o somos evidentemente, porém esquecemos que dentro de nós não existe somente o racional. Temos este grande monstro disfarçado em uma pequena carapaça e que é quem, por baixo dos panos, controla de fato a maioria de nossas ações, ainda que não aparentemente, inconscientemente. Tal monstro é sorrateiro e inteligentemente nos deixa acreditar que estamos no controle, usufrui-se de um poderoso artifício presente em nossas mentes: o inconsciente. Esconde-se por trás de tal e de lá realiza seu comando.
Acreditamos que o instinto está latente dentro de nós, sabemos de seu potencial porém achamos que nunca ele irá despertar e se um dia o acontecer suas rédeas estão em nossas mãos; criamos essa mentira e escolhemos por vontade própria acreditar nela, transformamo-la em um dogma: fato indiscutível. Tudo isso apenas para nos reafirmarmos, para provar para nos mesmo que somos superiores e afastar nossa condição dos demais animais, iludindo-nos com essa mentira vestida em ostentosos trajes que carrega a promessa do poder em suas costas, o qual é o maior alvo da cobiça humana.
Negamos essa nossa raiz com a natureza, com se fosse algo que rebaixasse nossa posição de soberanos do mundo, porém não vemos que foi através dela que nossa existência se fez efetiva.