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quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Criatura

Se para realizar meu sonho dependo do tempo, porque ele não me é generoso? Porque não me permite o possuir? Selvagem criatura que se recusa a ter dono.

És tão sábio e então me pergunto: Quem sou eu para questioná-lo? Regente de nossas vidas, desde o início é você que me carrega rumo ao fim.

Porém te suplico, como mero ser subordinado, permita-me poder aproveitá-lo com aquilo que eu gosto e não com obrigações a mim impostas.

Carol.

Os élitros de uma alma

E se pudesse então voar, se desprenderia das correntes da matéria e iria de encontro com seu mais puro anseio por liberdade. Iria deixar-se fluir pelos ventos e brisas do pensamento e espírito liberto, solta e sem peso algum.

Aquela suave força contornava sua carne e se infiltrava pelos poros, para agora então fazer parte de seu ser, sua essência. Apenas flutuava, seu coração palpitava e mesmo assim parecia calmo, pois agora tivera seu pedido atendido e ela suplicava para que cada vez mais aquilo tomasse conta de si, pois jamais sentira-se tão completa.

Marion - Carol.

Os vales de Marion

Sentia-se tão grande em sua vontade. Tinha sonhos e desejos, planos para um futuro que ainda nem se quer revelava a sombra.

Simplesmente perdia-se em seus pensamentos sem ter medo de onde pudesse chegar. Viajava por entre os verdes vales e nebulosas montanhas, sempre a procurar o que aquietaria seu coração. Sonhava em ser como os grandes e corajosos cavalheiros dos quais ouvia nas histórias do passado. Seu espírito inquieto buscava sem parar pelo momento em que pudesse defender e lutar por seus princípios e ideais. Princípios pertencentes a um mundo que idealizava.

Acreditava no fundo de sua alma que poderia fazer alguma coisa para mudar esse estranho lugar em que vivia. Lugar que a assustava, pois era propício e fértil para o humano cultivar e colher dos mais podres frutos – que disfarçados por apetitosas carapaças, apeteciam desde o fraco até o mais forte. Uma vez tocado e provado, tomava conta dos pobres seres sugando-lhes a luz que os aquecia, fazendo-os então se alimentarem do frio até se esquecerem de quem foram, até eles próprios cortarem suas raízes. E então, sem raízes, o ódio, a inveja e cobiça tomavam conta e a mera conquista mundana se tornava prioridade. Como ela tinha medo, e repulsa.

Seu pobre coração chorava ao ter que encarar a nojenta realidade do ambiente que já havia deixado de ser seu lar há tempos. Não pertencia a essa terra, pois quando a tocava sujava suas mãos com sangue, o vinho sangue inocente e nem tão inocente, porém de irmãos.

Se perguntava por que, porque seus semelhantes se massacravam e trucidavam uns aos outros, seria esse fruto tão venenoso assim? Quem envenenou essa terra, nós? E porque então somos dotados com a capacidade de amar, inocente minoria no coração da humanidade, sua crua forma é a mais bela e ainda assim preferimos ter em nossa frente tudo aquilo que suja, empobrece e encarde a alma. Falsa felicidade disfarçada pela realização de supérfluos desejos.

Marion - Carol.

Seres Metamórficos

Palavras podem perdurar dias na mente de uma pessoa, porém se fortes, perduram séculos nas mentes de uma multidão.

Palavras são seres metamórficos, do abstrato ao concreto, do som ao cheiro, da visão ao tato ou gosto. Fascinam-me, os homens à detém -em parte- e muitas vezes nem ao menos sabem como usufruir-se de tanto poder.


Carol.